Recompensa para conservar matas

Recompensa para conservar matas
Estado vai remunerar proprietários rurais que preservarem áreas verdes

Tulio Brandão

O Estado do Rio ganhou ontem o primeiro sistema de remuneração para proprietários de terra que restaurem ou conservem florestas. O projeto-piloto será realizado no alto da Bacia do Rio Guandu, no município de Rio Claro. Os proprietários de terras na microbacia de Rio das Pedras - uma área de cinco mil hectares - poderão ser reembolsados com até R$ 60 por hectare/ ano. Batizada de "Programa Produtores de Água e Floresta", a iniciativa é uma parceria da Secretaria estadual do Ambiente, do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Guandu e da prefeitura de Rio Claro com a ONG The Nature Conservancy (TNC) e o Instituto Terra de Preservação Ambiental.
Dezoito proprietários já aderiram ao projeto
O programa, que visa à proteção de matas de bacias hidrográficas como a do Rio Guandu, foi lançado numa cerimônia em Rio Claro, com a presença do governador Sérgio Cabral e do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Durante o evento, Cabral deu um cheque simbólico a Nelson Pires, representante dos 18 proprietários rurais que já aderiram ao projeto, no valor de cerca de R$ 18 mil. Pela sua parte, Pires recebeu cerca de R$ 7 mil. Cabral comemorou a aproximação com os proprietários rurais do estado.
- Iniciativas como esta permitem que o pequeno produtor veja o meio ambiente como um aliado, não como um problema, e vão permitir a união dos produtores à causa ambiental, com a participação do poder público. É possível crescer com desenvolvimento sustentável - disse Cabral.
Durante a solenidade, Minc anunciou que ampliará o programa para a Bacia do Rio São João, que nasce na APA Macaé de Cima e desemboca em Barra de São João, distrito de Casimiro de Abreu. Serão aplicados R$ 1,1 milhão, dos quais R$ 750 mil são provenientes do ministério.
A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, quer ampliar o programa usando verba do Fundo Estadual de Recursos Hídricos: - A expectativa é que o fundo tenha seus recursos aumentados de R$ 6 milhões para R$ 30 milhões este ano, graças ao pagamento pelo uso da água.
Valores seriam equivalentes ao lucro com pecuária
O valor a ser pago ao produtor rural depende das particularidades de cada propriedade.
O cálculo de R$ 60 por hectare foi feito usando como base parâmetros como a localização e a qualidade das florestas conservadas. Segundo os técnicos envolvidos, o valores são equivalentes aos obtidos em caso de uso da área para atividade produtivas como pecuária de corte ou leiteira. O coordenador de serviços ambientais da TNC, Fernando Veiga, diz que a experiência já foi feita na Serra da Cantareira, em São Paulo.
- Há uma nova tendência de conservação de ecossistemas, que contempla o reconhecimento econômico dessas áreas para o bem-estar de populações urbanas.

O Globo, 12/05/2009, Rio, p. 17

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