A Polícia Civil intimou o principal suspeito do assassinato do índio caingangue Ademir Mendes, de 24 anos, a prestar depoimento hoje na delegacia de Palmas. Mendes foi degolado no sábado à noite, quando voltava para sua aldeia, na zona rural do município. O nome do suspeito, que vem sendo mantido em sigilo, foi indicado pelos próprios índios, ontem à tarde. Segundo o Conselho Indigenista Missionário, esta foi a 17.ª morte de indígenas que vivem em áreas a serem demarcadas neste ano, em todo o país. O delegado de Palmas, Renato de Lima, não acredita que o crime tenha relação com a demarcação da reserva onde Mendes vivia, aguardada para este ano. Ele considera que Ademir não era líder da aldeia e que o principal suspeito, um homem branco que mora no município, foi visto com a vítima em um bar, na noite do assassinato. "Trata-se de um caso isolado. O crime pode ter acontecido depois de uma bebedeira", presume. Os moradores da aldeia dizem desconhecer o motivo do assassinato. "O Ademir trabalhava com madeira aqui perto e ficava até uma semana fora da aldeia", conta a caigangue Sirlei dos Santos. O chefe do posto da da Fundação Nacional do Índio (Funai) na aldeia, Irineu Caçol, afirma que não há conflitos entre índios e fazendeiros da região.
A reserva situada em Palmas, no Sudoeste do estado, tem 2.944 hectares (dois terços no território de Santa Catarina, no município de Aberlado Luz). Os cerca de 700 índios que vivem no local esperam a demarcação da área desde a década de 80.
Caciques dos estados do Sul estão em Brasília, cobrando a emissão de portarias declaratórias de quatro áreas, entre elas a de Palmas. Segundo o Cimi, os caingangues que vivem no local têm direito a 3.770 hectares, 1.826 a mais do que a área atual.
"Mesmo na área de 2.944 hectares, existem oito terrenos nas mãos de agricultores e madeireiras", afirma o missionário Roberto Liebgott, que representa o Cimi na região. A Assessoria de Assuntos Indígenas do Paraná pretende acompanhar as investigações da Polícia Civil. "Aparentemente não há relação entre o crime e a disputa por terras, mas não podemos descartar esta hipótese", afirma o responsável pelo órgão, Edívio Batisteli.
PIB:Sul
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