Ambientalistas acusam Ibama de abandonar Reserva do Tinguá

Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ - 18/08/2005
Seis meses após o assassinato do ativista Dionísio Júlio Ribeiro Filho, ambientalistas da Reserva Biológica do Tinguá, na Baixada Fluminense, onde o ativista trabalhava e morava, denunciam que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) não realizou nenhum investimento na região, como teria sido prometido na época do crime.

Segundo eles, práticas ilegais, como a caça e a extração do palmito, continuam ocorrendo e só existem quatro fiscais para cuidar da reserva, que tem 26 mil hectares e abrange seis municípios.

Dionísio Júlio foi assassinado na madrugada de 22 de fevereiro, quando voltava para casa, por uma trilha. Ele vinha sofrendo ameaças por denunciar a caça e a extração do palmito.

Os ambientalistas estão revoltados também porque, na semana passada, a direção do Ibama em Brasília determinou a transferência do agente florestal Márcio Castro das Mercês, que, junto com Dionísio Júlio, foi um fundadores da reserva, em 1989. Em protesto contra sua transferência, Castro pretende entrar em greve de fome, no próximo sábado, e se trancar em uma gaiola feita de bambu.

Segundo ele, a mudança teria sido por medida de segurança, já que vinha sendo ameaçado. "As ameaças são constantes, mas não me amedrontam. Eu perdi um companheiro (Júlio) nessa mesma trincheira e prefiro deixar o Ibama a abandonar a luta ambiental", garantiu Castro.

O ativista será transferido para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, na Região Serrana. A direção do Ibama em Brasília foi procurada para comentar a saída de Castro e as denúncias de descaso, mas os diretores responsáveis não foram encontrados.

Revoltados, os ambientalistas acionaram a Justiça. "Ontem (terça-feira), entramos com uma ação civil pública nos Ministérios Públicos Estadual e Federal contra o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente porque uma série de promessas não foram cumpridas", disse o ambientalista Sério Ricardo de Lima.

De acordo ele, a ação civil pública denuncia o Ibama e o ministério por "descaso, falta de infra-estrutura para fiscalização e prevenção de crimes ambientais". Os ambientalistas pedem a contratação de fiscais para trabalhar na reserva, aumento da frota de carros para ajudar na fiscalização e a criação de escritórios do Ibama em alguns municípios do entorno de Tinguá.

"As prefeituras próximas tinham que criar programas de geração de renda. Capacitar os moradores da região porque a caça e a extração do palmito são práticas ilegais passadas de geração em geração", disse Sérgio Ricardo.
(-Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ-18/08/05)
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