Caçadores são presos na reserva de Tinguá
Operação da Polícia Federal apreende 50 pássaros, além de uma garrucha e uma armadilha para gambás
Sete pessoas foram presas e 50 pássaros apreendidos ontem na Reserva Biológica de Tinguá, durante operação da Polícia Federal para cumprir 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. Um dos presos é o presidente da Associação de Moradores de Tinguá, Amarilho Alves de Andrade.
Em sua casa os policiais encontraram quatro pássaros presos em gaiolas, uma garrucha e uma armadilha que seria usada para capturar gambás. Amarilho foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma e crime ambiental, mas pagou fiança e foi liberado, juntamente com os outros seis detidos.
A operação de ontem teve como base documentos e agendas encontrados pela PF na casa do ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Júnior, assassinado em fevereiro. O crime aconteceu a 200 metros da entrada da reserva, que ele ajudou a criar em 1989, em Nova Iguaçu. Dionísio Júlio era militante da ONG Grupo de Defesa da Natureza e recebera ameaças de caçadores e extratores de palmito e de areia.
Segundo o delegado Marcelo Bertolucci, da Delegacia da PF de Nova Iguaçu, cerca de 50 policiais participaram da ação.
Estamos investigando também se há envolvimento de alguns dos detidos com o tráfico de animais silvestres. Isso porque vários pássaros apreendidos têm grande valor no mercado negro por se tratarem de animais em extinção afirmou Bertolucci.
O procurador Renato Oliveira, do Ministério Público Federal em São João do Meriti, lembrou que existe uma investigação em curso no MP para chegar aos envolvidos em ações de caça e na extração de palmitos na reserva.
A operação de hoje foi desencadeada com esse propósito disse o procurador.
O MP federal, ainda segundo o procurador, estuda medidas jurídicas para retirar barragens construídas no rio que atravessa a reserva.
Temos um procedimento instaurado para verificar se as barreiras são legais. O que posso dizer é que até o momento ninguém apresentou qualquer licença autorizando a construção dessas barragens, mas para destruí-las precisamos estar certos da ilegalidade observou o procurador.
O Globo, 14/05/2005, p. 21
UC:Reserva Biológica
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