Cientistas começam a analisar fósseis achados em grutas de parque nacional no Ceará

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 17/07/2009
Um grupo de cientistas brasileiros começa a preparação laboratorial e a análise de material fóssil encontrado nas cavernas do Parque Nacional (Parna) Ubajara, no Ceará. Os objetos foram retirados durante prospecção entre o final de junho e o início deste mês. As pesquisas são motivadas por resultados anteriores, quando foram descobertos numa das grutas o crânio e a mandíbula de um urso fóssil que deu nome à concavidade subterrânea. Também na época do levantamento de dados para o desenvolvimento do plano de manejo da unidade, entre 1998 e 1999, inúmeros vestígios desse tipo de resíduo foram notados.

Dessa primeira experiência o geólogo e paleontólogo do Museu de Itapipoca (CE), Celso Lira Ximenes, fez um resumo acadêmico e publicou os resultados em 2004. A obra, inclusive, é uma das motivadoras da dissertação de mestrado de Paulo Víctor de Oliveira, um estudante do Instituto de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele faz parte da equipe que desenvolve os estudos atuais nas grutas do parque. O mestrando utiliza tanto as informações de 98 e 99 quanto as que estão sendo levantadas agora.

Esse grupo de pesquisadores é co-liderado pela bióloga e paleontóloga da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Ana Maria Ribeiro. Trata-se de uma das cientistas mais experientes em mamíferos fósseis do Brasil. Ela orienta os trabalhos do estudante Paulo Víctor e destaca que além das metas específicas dessa pesquisa para cada fim, há o objetivo de coletar amostras de sedimentos para datação por termoluminescência e carbono 14. "Essa é a etapa em que estamos agora, já que a de recolhimento de objetos está concluído", explica.

De acordo com Ana Maria, só após essa análise será possível afirmar com segurança qual é a idade dos fósseis apanhados. "Com os estudos sistemáticos poderemos saber a quem pertencem o material ósseo encontrado dentro das grutas e, possivelmente, fazer um estudo com inferências paleoambientais. É importante informar que o material ósseo pode pertencer a animais que viveram ou não dentro das cavernas", ressalta a pesquisadora.

Como é de praxe nesse tipo de incursão, as ações requerem cuidados e preparação pormenorizada. É por isso que essa equipe de trabalhos é formada por gente muito experiente. Além de Ana Maria Rita e Celso Ximenes (por já ter adentrado nas cavidades anteriormente ele as conhece muito bem), compõe o grupo a bióloga e paleontóloga da Universidade Federal de Viçosa, Gisele Lessa, que trabalha com fósseis de mamíferos em cavernas desde 1982. Juntamente com eles estão a geóloga da Universidade do Vale de Acaraú, Somália Viana, uma profunda conhecedora da geologia do Ceará, o historiador e diretor do Museu de Itapipoca, Antonio Sílvio Teixeira dos Santos, e o mestrando Paulo Víctor.

As atividades desenvolvidas pelos cientistas ainda são acompanhadas por analistas ambientais do Instituto Chico Mendes (ICMBio) que atuam no Parque Nacional Ubajara. A escalada para o trabalho dessa vez foi a servidora Nágila Gomes. Ela supervisionava as escavações, de forma a garantir que os métodos utilizados não degradassem ou descaracterizassem as formas e estruturas das cavernas. Os pesquisadores, aliás, haviam assinado termo pelo qual se comprometiam a reconstituir os locais escavados.

A analista ambiental conta que os critérios foram cumpridos e frisa a relevância dessas iniciativas para a unidade de conservação. "No parque há muitas cavernas desconhecidas do ponto de vista científico. E o trabalho desenvolvido pela equipe de Ana Maria Ribeiro, por exemplo, será de suma importância para a obtenção de dados que constarão na revisão do Plano de Manejo e ainda contribuirá para identificação de locais apropriados para estudos direcionados à paleontologia e arqueologia", adianta Nágila.
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