Cocos é a nova fronteira agrícola do cerrado baiano

GM, Rede Gazeta do Brasil, p.B14 - 06/02/2004
Cocos é a nova fronteira agrícola do cerrado baiano

Estado quer apoio do Governo Federal para limitar expansão do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Depois de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, o município de Cocos, se consolida como a nova fronteira agrícola do cerrado baiano. Na última década, a região Oeste do estado atraiu grandes projetos, voltados especialmente para a produção de grãos, café e pecuária leiteira. Para dar suporte a estes novos empreendimentos, o governo do estado investiu em obras de infra-estrutura, inclusive com a instalação de redes de transmissão de energia, que consumiu R$ 20 milhões e a construção de novas estradas, para facilitar o escoamento da produção local. "Trata-se de uma nova área de expansão do agronegócio baiano. Na semana passada recebemos a visita de um grupo de produtores paulistas que fechou negócio para se instalar na região", disse o secretário da Agricultura da Bahia, Pedro Barbosa. O grupo, formado por 15 produtores, integra a Associação dos Produtores do Itaí e Região (Aprir) formado há 20 anos no Sudoeste de São Paulo, do qual fazem parte alguns dos principais nomes da agricultura paulista. A proposta prevê investimentos de R$ 18 milhões na implantação de projeto agrícola em área de 12 mil hectares, voltado para a produção de grãos. A estimativa é que o projeto gere 800 empregos diretos, e contribua para capacitação de mão-de-obra e incorporação de novas tecnologias à atividade agrícola do estado. Resultados Dois grandes projetos instalados naquela área já contabilizam os resultados. Um deles, o Pólo Cafeeiro Formoso/Itaguari, batizado com os nomes dos dois principais rios da região, colheu no ano passado cerca de 55 mil sacas de café. Para dinamizar o pólo, o governo do estado implantou uma estrutura de energia elétrica e de estradas. Após a implantação da rede elétrica, concluída no ano passado, o governo estadual se dispõe a atender a demanda dos produtores para ampliar a oferta de energia. Neste pólo, a infra-estrutura está sendo ampliada para permitir a irrigação de no mínimo, 20 mil hectares de café e frutas. Na área de sequeiro, onde já foram cultivados 30 mil hectares, em 2003, espera-se, em breve, a expansão em 15 mil para 2004, com capacidade para um total de 200 mil hectares, nos próximos anos. Lá, a atividade é voltada para produção de soja, algodão e pecuária, especialmente integrada à agricultura. Outro projeto inovador, implantado na região pelo grupo Leite Verde, é o de pecuária leiteira, que combina alta produção de forragem regime irrigado, e permite grande lotação por hectare e baixo custo final. Segundo o secretário, é uma referência para o País, devido ao elevado grau de competitividade, integrando alta tecnologia à produção de leite a pasto com a preocupação de preservação do meio ambiente. Há alguns anos, o braço neozelandês do grupo procurava uma área no Brasil para instalar seu projeto, e antes de se definir pela Bahia percorreu o cerrado de Goiás e Minas Gerais. No oeste baiano, o grupo adquiriu 2,2 mil hectares e arrendou outros 700 hectares na região, entre os municípios de Cocos e Jaborandi, a cerca de 1 quilômetro de Salvador. O secretário Pedro Barbosa destaca a importância econômica da região para o setor agrícola do estado, que tem cerca de 65% do seu território localizado na região do semi-árido, com graves problemas ocasionados pela falta e má distribuição de chuvas, enquanto a microrregião de Cocos registra média superior a 1200 milímetros de chuva por ano. "Esta característica garante condição ideal para a atividade agrícola e melhor qualidade de vida para a população. Por isso, a Bahia não pode prescindir do aproveitamento do cerrado, onde além das condições de clima, solo e topografia favoráveis, há predomínio de modernas e adequadas tecnologias para sua exploração racional", comentou. Somadas, as áreas do noroeste e desta região chegam a quase 700 mil hectares, e segundo os dados da secretaria de agricultura são perfeitamente incorporáveis à matriz produtiva do estado. "Isto deve gerar mais renda e trabalho para a população", avaliou, explicando que todo esse potencial agrícola está condicionado à imposição de limites à proposta de ampliação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. "Hoje o parque já conta com 84 mil hectares no estado de Minas Gerais e sua expansão, em mais 150 mil hectares, exclusivamente no lado baiano, impossibilita o desenvolvimento do estado", afirmou o secretário. Ele lembra que a área prevista para ampliação do parque já conta com vários projetos implantados e em fase de instalação, alguns deles financiados por bancos oficiais. "O Estado da Bahia tem grande preocupação com a preservação ambiental, mas quer que isso ocorra de forma a também permitir o desenvolvimento do agronegócio, tão necessário para a sustentabilidade social". Ainda segundo o secretário de agricultura da Bahia, o estado tem todo interesse em contribuir para essa discussão e trabalha na elaboração de proposta alternativa, que contemple a adoção de mecanismos eficazes de preservação, mas que não inviabilizem o desenvolvimento regional. "Em declarações recentes à imprensa, o presidente Lula também preocupado com o desenvolvimento sustentável, recomendou discussões mais abrangentes sobre o projeto de ampliação do parque", disse Pedro Barbosa. kicker: Polo cafeeiro de Formoso colheu 55 mil sacas de café no ano passado


GM, 06-08/02/2004, p. B14
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