Conhecendo as Ilhas Cagarras

O Globo, Rio, p. 16 - 25/05/2013
Conhecendo as Ilhas Cagarras
428 anos após entrar no mapa do Rio, arquipélago que se tornou primeira unidade de conservação marinha de proteção integral do litoral carioca é esquadrinhado

Paula Autran

RIO - Elas entram no mapa do Rio em 1585, mas só agora, 428 anos depois, foram esquadrinhadas. Conhecidas como Cagarras, as quatro ilhas principais que compõem o Monumento Natural das Cagarras (Comprida, Redonda, Cagarra e de Palmas), além de duas ilhotas (Filhote da Cagarra e Filhote da Redonda) finalmente foram estudadas por um grupo de 28 pesquisadores, sendo sete biólogos e suas equipes. O resultado está em texto e fotos nas 300 páginas no livro "História, Pesquisa e Biodiversidade do Monumento Natural das Ilhas Cagarras", que o Projeto Ilhas do Rio acaba de lançar, com patrocínio da Petrobras. As 3 mil unidades serão distribuídas gratuitamente para museus, escolas, universidades e bibliotecas.
Marco na paisagem do litoral do Rio de Janeiro, as Cagarras ficam a quatro quilômetros das areias de Ipanema. Ainda assim, este é o primeiro livro científico publicado sobre elas. Mais de 600 espécies foram identificadas e listadas na região, entre elas 50 de algas, 135 de peixes e 157 de invertebrados bentônicos, dos quais sete são provavelmente novos para a ciência. Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 5.000 fragatas habitam esta que é a primeira unidade de conservação marinha de proteção integral do litoral carioca, tornando-a o segundo maior ninhal dessa espécie no litoral brasileiro. Com uma mata semelhante à restinga, o inventário florístico da região apresentou 157 espécies, de ervas a árvores, entre elas, a Gymnanthes nervosa, que não era registrada para o município do Rio de Janeiro desde a década de 1940.
- A gente sempre soube mais sobre as ilhas oceânicas a quilômetros do Rio do que sobre as Cagarras. Havia um ou outro estudo sobre as aves de lá, e um artigo que eu mesmo havia escrito sobre os peixes. Sobre a flora, este é o primeiro inventário completo das ilhas- explica o biólogo marinho Carlos A. Rangel, coordenador do projeto, que acabou encontrando vestígios da passagem do homem por lá em tempos remotos, como machados de pedra e cacos de cerâmica. - Levamos uma arqueóloga do Museu Nacional lá para ver o que encontramos, e vai se tornar objeto de estudos
O livro traz ainda um capítulo exclusivo para visitantes e agentes de turismo com dicas, descrição das atividades praticadas no entorno e as regras que devem ser seguidas para aproveitar o local de forma consciente. A lei já estabelece que não se pode acampar por lá nem promover atividades que perturbem a fauna e a flora. Mas um mutirão em fevereiro do ano passado, foram recolhidos 80 quilos quilos de lixo, incluindo grelha de churrasco, garrafas PET e muito plástico. Em dezembro passado, em outra ação semelhante, foi retirada menos da metade desta quantidade de detritos.
- É preciso colocar uma placa informando aos visitantes que se trata de uma unidade de conservação. Também é preciso distribuir folders nos locais de onde saem os barcos, como a Marina da Glória e o Quadrado da Urca - sugere Rangel.
- A unidade de conservação foi criada há apenas três anos. Agora estamos preparando o plano de manejo da região. E a primeira parte do plano, que é o diagnóstico, é baseada no livro. Um dos nossos objetivos é manter a visitação lá. O trabalho de ordenamento está começando - diz Fabiana Bicudo, chefe da unidade de conservação.

O Globo, 25/05/2013, Rio, p. 16

http://oglobo.globo.com/rio/conhecendo-as-ilhas-cagarras-8495959
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