Ibama apura autoria de crimes ambientais

Diário do Nordeste - 26/11/2007
Juazeiro do Norte - Uma denúncia da presença de incendiário criminoso atuando no Cariri. A chefia do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se desloca até a delegacia do município do Crato. O intuito é prestar queixa e pedir investigação de um possível crime ambiental que esteja sendo cometido na região. Até que se chegue ao fundamento da denúncia, são inúmeros os crimes ambientais que continuarão sendo vivenciados, ou simplesmente focos de incêndios que surgem com continuidade durante esta época do ano. A origem da maioria deles é desconhecida.

Segundo o chefe do Ibama regional, Eraldo Oliveira, se torna difícil ter estatísticas sobre incêndios. Ele explica que os focos são inúmeros e acontecem de forma descontrolada. Nos últimos 30 dias, três grandes incêndios foram registrados na Chapada do Araripe, o maior deles no município de Jardim, atingindo uma área de 30 hectares. São prejuízos causados a rica flora e fauna.

Algumas espécies estão em extinção, a exemplo do Soldadinho-do-Araripe. Seu habitat natural são as áreas de nascente. Ele está onde se encontram as fontes de água. Um desses incêndios foi registrado no sopé da Serra do Araripe, no Sítio Luanda, em Crato. Foram mais de 20 hectares queimados. Vidas vegetais e animais destruídas pelo avanço indiscriminado do homem à natureza, que clama por cuidados. A causa apontada foi uma limpeza para roçado, conhecida por ser feita por broca nas proximidades.

O clima seco da região e as altas temperaturas, conforme a chefe da Floresta Nacional do Araripe (Flona - Araripe), Verônica Figueiredo, durante esta época do ano, contribui significativamente para o aumento no número de incêndios registrados. O problema é que, mesmo sendo realizado um trabalho educativo para os produtores, não existe uma preparação, mesmo não sendo a broca a forma mais indicada para preparar a terra para plantio.

O Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) já registrou, durante este ano no Estado do Ceará, 374 focos de incêndios. Conforme o Instituto, somente na área da Flona, foram registrados entre às zero hora do último dia 22 e às 23h59 do dia seguinte, três focos de incêndio. Oliveira ressalta que essa é uma realidade contida dentro do ambiente de desenvolvimento do homem, não respeitando a natureza.

O Inpe aponta o município de Acopiara como o maior em número de incêndios considerados críticos no Estado. Foram 38 focos, incluindo também o Araripe, como 15, Brejo Santo sete focos, se igualando ao Crato, com mais sete. Outro grande incêndio registrado no Crato, aconteceu nas proximidades do Colégio Agrícola, com pelo menos 20ha destruídos.

A queima de lixo, curtos circuitos, roçados ou causas criminosas são cada vez mais comuns na área que abrange a área do Araripe. Na mais antiga floresta reconhecida por decreto lei do Brasil, em 1946, os focos acontecem e, muitas vezes, os agentes conseguem conter. É área de proteção e não está livre. Nesse patrimônio natural do Estado e do Brasil estão apenas 12% de área preservada. O restante, o avanço do homem já consumiu.
UC:Floresta

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