Ibama recua da proibição de pesca em ilhas

Ibama recua da proibição de pesca em ilhas

Jacqueline Costa

Após uma audiência pública realizada anteontem no auditório da Universidade Candido Mendes, que contou com a presença de mais de 300 pessoas, o Ibama recuou, pelo menos por enquanto, da decisão de criar o Monumento Natural das Cagarras. A nova unidade proibiria a pesca no arquipélago das Cagarras e nas ilhas Redonda e Filhote, com seus entornos marinhos, e no arquipélago das Tijucas e na Ilha do Meio. Segundo o coordenador técnico da proposta do Ibama, Breno Herrera, serão analisadas propostas alternativas de unidades de conservação para a área, como a sugerida pela ONG Vivamar, em parceria com a colônia de pesca Z-13, que prevê o uso sustentável do conjunto de ilhas:
- O objetivo de receber propostas e discuti-las foi atingido.

Os argumentos apresentados pelos representantes da pesca artesanal foram convincentes. É uma atividade de subsistência para muitas pessoas.

Depois de analisar as propostas, o Ibama vai realizar, em dois meses, uma nova audiência pública, na qual apresentará outra proposta de criação de unidade de conservação, mais flexível que a atual.

Segundo a Vivamar, também aderiram à proposta da ONG clubes náuticos do Rio, a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos (Acobar), a Confederação Brasileira de Pesca em Apnéia e a Confederação Brasileira de Pesca Esportiva, assim como a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) e a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), entre outras instituições.


Para ONG, recuo é uma vitória

Na opinião do diretor executivo da ONG Vivamar, Roberto Negraes, o resultado da audiência já pode ser considerado uma vitória para quem utiliza a pesca como forma de subsistência:
- O Ibama entendeu que é necessário preservar, mas sem excluir atividades sustentáveis. E os pescadores têm o maior interesse em preservar o meio ambiente.
A proposta apresentada anteontem pela ONG sugere uma unidade de conservação que permita a pesca amadora e artesanal (sem o uso de redes, compressores ou armadilhas) em toda a volta do arquipélago das Ilhas Cagarras até 500 metros de distância, proibindo o uso de redes de arrasto, parelhas e outras atividades de pesca danosas ao meio ambiente.
De acordo com o documento entregue ao Ibama, somente a área central interna das Cagarras ficaria proibida para qualquer atividade, à exceção de fundeio e mergulho contemplativo.

O Globo, 04/05/2007, Rio, p. 24

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