O último dia do mês de abril é uma data especial para os cearenses e servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade que atuam no Parque Nacional de Ubajara (PNU). Localizado na Serra de Ibiapaba, no noroeste do Ceará, a unidade de conservação completa 50 anos de criação. Por isso, a semana será marcada por uma série de atividades que vão desde gincanas, exposições fotográficas, apresentações artísticas e culturais até a realização de palestras, seminários e plantio de mudas nativas no interior da área protegida por lei.
Criado em 1959 para que as diversas formações geológicas descobertas na região pudessem ser preservadas, o PNU recebe, durante todo ano, pesquisadores e visitantes dispostos a estudarem e conhecerem suas riquezas. Esta semana, quem visitar o local, um verdadeiro oásis em pleno sertão nordestino com temperaturas que variam entre 16o e 28o, poderá participar das comemorações e conhecer o parque que encanta com suas trilhas, cachoeiras, cavernas, vales e boa estrutura para o turista.
As paisagens são exuberantes, já que a Serra de Ibiapaba é considerada uma das mais notáveis conformações topográficas do norte/nordeste do País. Conhecida também como Cuesta do Ibiapaba ou Serra Grande, ela divide os estados do Ceará e Piauí. No interior do PNU, a flora é diversa, com plantas típicas da caatinga presentes na baixada do vale, como cactos, juazeiros e angicos. Mas, nas encostas e cânions, são os exemplares de mata úmida como samambaias, bromélias e árvores de até 15 metros de altura que dão o tom da vegetação.
E o lugar ainda guarda outras atrações. Em meio as belezas naturais, histórias interessantes e até lendas povoam o imaginário popular. Moradores de municípios que abrangem o parque contam que um velho cacique dono de uma canoa teria sido o primeiro habitante da Gruta de Ubajara, famosa caverna da unidade que acabou dando nome ao parna. Existem registros que Jesuítas vindos de Pernambuco também chegaram à Serra de Ibiapaba no início do século XVII com o intuito de catequizar os nativos, mas acabaram expulsos por eles.
Sabe-se também que os portugueses realizaram muitas expedições na região em busca de minérios, especialmente a prata, mas sem sucesso. A Gruta de Ubajara acabou descoberta e utilizada por romeiros no início do século XX, tanto que sua entrada guarda um altar escavado na rocha com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes.
Mas, a história do Parque Nacional de Ubajara data de muitos séculos. A ciência prova que ele serviu de morada para animais há milhares de anos. Em 1979, uma expedição de espeleólogos da Universidade de São Paulo (USP) encontrou em uma das cavernas do PNU um fóssil de urso que viveu na região há mais de dez mil anos, indicando que essa porção do país teve clima frio em um passado remoto. A área da descoberta passou a ser conhecida como Gruta do Urso Fóssil e é restrita à pesquisa. No entanto, a amostra do crânio encontrado está no Museu de Paleontologia da USP.
Se você se convenceu de que o Parna de Ubajara merece uma visita, anote. Para conhecer os atrativos, o visitante pode optar por caminhadas entre as trilhas do parque, sempre acompanhados por guias experientes. A mais completa delas é a Ubajara-Araticum. O circuito tem 3,5 quilômetros de caminhada leve partindo do Portão Planalto, passando pela Cachoeira do Cafundó para um banho refrescante e chegando a boca da Gruta de Ubajara. Mas, quem quer conhecer a caverna sem suar a camisa pode optar pelo bondinho, que permite que o turista aprecie paisagem deslumbrante de uma altura privilegiada.
O parque conta com Centro de Visitantes, lanchonete e painéis explicativos. Na cidade de Ubajara, a três quilômetros da unidade de conservação, existem hotéis, restaurantes e pousadas. O acesso ao PNU é feito principalmente pela BR-222, que liga Fortaleza-Teresina.
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