Pescadores são detidos nas Cagarras

Pescadores são detidos nas Cagarras
Grupo que acampava em ilha é multado em R$ 500; PF investigará se houve dano ao ambiente

Vera Araújo

Foi aplicada ontem a primeira multa administrativa pela prática de pesca no Monumento Natural das Ilhas Cagarras, transformada em unidade de conservação de proteção integral há uma semana. Um grupo formado por nove pescadores foi detido no local pelo delegado Márcio Cunha, da Delegacia de Controle Marítimo da Polícia Federal, com varas de pesca, isopores com peixes e outros objetos. Eles acamparam na Ilha Comprida, que faz parte do arquipélago protegido e contaram que pretendiam passar o feriado de São Jorge pescando na região.

A Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF investiga se houve dano ao meio ambiente. Todos foram liberados depois de autuados. O analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) Rogério Rocco esteve na sede da PF, na Praça Mauá, e aplicou multa de R$ 500 aos pescadores.

Segundo Rocco, a prática da pesca é proibida em unidades de conservação. Indignados, os pescadores alegaram que desconheciam a existência da nova lei, ressaltando que não havia placas informando sobre a proibição de pesca nas ilhas.

Proteção alcança um raio de dez metros das Cagarras Pescador há mais de 30 anos, o aposentado Claudionor Franco, de 70 anos, um dos detidos, contou que frequenta as ilhas por lazer: - A gente gosta de pescar uma vez ou outra. Não depredamos nada. Fazemos isso há anos e não sabíamos que era proibido. Tive que andar num camburão. Nunca tinha me acontecido isso na vida.

Morador da Rocinha, o técnico em refrigeração José Bonifácio, de 50, também se surpreendeu com a proibição: - Não sou contra a proibição, mas tem que proibir os turistas também. Eles vão lá e deixam todo tipo de lixo, garrafas de vidro e copos plásticos.

A gente recolhe tudo. Há dez anos, a gente pegava 60 quilos de peixe. Agora, não conseguimos nem 20. Não queremos que aquela beleza se acabe. Aquilo lá é o paraíso.

De acordo com a legislação, está proibida a extração de qualquer recurso natural num raio de dez metros das Cagarras, Palmas, Comprida e Filhote de Cagarras, assim como das ilhas Redonda e Filhote de Redonda, que não fazem parte do arquipélago. Será definida ainda a zona de amortecimento do monumento natural, onde também haverá restrições.

O Globo, 23/04/2010, Rio, p. 26

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