A presença de garimpeiros na Terra Indígena Rio Biá, em Jutaí, Amazonas, a 630 km de Manaus, não é novidade. A extração ilegal do metal ocorre por lá pelo menos desde a década de 80, sem que o problema tenha sido resolvido pelas autoridades. Mas desta vez as denúncias dos índios Katukina, que vivem na região, tem agravantes. Segundo informações recebidas pela organização indigenista Operação Amazônia Nativa (Opan), a entrada de garimpeiros foi facilitada por servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Médio Solimões e conta com a conivência de índios da Aldeia Boca do Biá.
O maior grupo de garimpeiros está no Rio Boia, vizinho à Terra Indígena Rio Biá, uma região cotada para ser transformada em Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Segundo relatos obtidos pela Opan, ribeirinhos que denunciaram a extração ilegal de ouro chegaram a receber ameaças de morte.
Em Manaus, o superintendente regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Odney Rodrigues, não se surpreendeu com a informação e preferiu não se manifestar. Em Tabatinga, o escritório da Funai não sabia das denúncias. Já a Secretaria Especial de Saúde indígena considerou a acusação é gravíssima, mas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não recebeu denúncias contra servidores. E, enquanto nenhuma providência é tomada a este respeito, o garimpo continua na terra indígena.
Em 2005 o poder público entrou em ação. Após denúncia sobre a presença de garimpeiros e outras atividades ilegais, como extração de madeira e captura de quelônios, no Rio Mutum, na divisa da Terra Indígena Rio Biá e RDS Cujubim, uma operação do Ibama resultou em multas de mais de 500 mil reais aos responsáveis pelos crimes. Na operação, foram encontrados barcos fornecedores de combustível para as dragas no rio Mutum e na foz do rio Biá. Os fiscais apreenderam também motores, compressores, bombas de sucção, geradores de energia elétrica, mercúrio, combustíveis, ferramentas e outros materiais utilizados no garimpo.
Danos à biodiversidade
Os garimpeiros usam dragas para retirar cascalho do fundo do rio, onde o ouro está misturado. Depois, utilizam mercúrio para separá-lo do restante do material. Além de causar destruição no leito do rio, este método provoca a contaminação do solo e das águas devido ao uso do mercúrio, um metal pesado que em grande concentração no organismo pode levar a graves problemas neurológicos.
Na água, o mercúrio pode contaminar também os peixes e entrar na cadeia alimentar das populações da região, colocando os índios em risco. Além disso, índios e ribeirinhos estão preocupados com as conseqüências desta contaminação para os investimentos que realizam no manejo e comercialização do pirarucu.
http://www.oecoamazonia.com/br/blog/323-medio-solimoes-entre-indigenas-e-garimpeiros
PIB:Solimões
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