Em busca de sossego, eles abriram caminho na imensidão das terras do Jalapão, o deserto das águas.
Jalapão. O deserto das águas. A imensidão das dunas é uma região ainda pouco conhecida pelo povo brasileiro. É um local de uma riqueza natural impressionante. Nascentes, fervedouros, cachoeiras...
Existem dezenas de cachoeiras por lá. E é água pura! Consumida pelos habitantes das comunidades mais próximas sem tratamento. É água natural, jorrando no meio do cerrado.
O Parque Estadual do Jalapão está entre o parque nacional das nascentes do rio Parnaíba, no Piauí e a estação ecológica Serra Geral, do Tocantins. É uma das maiores áreas de cerrado preservado.
A equipe do Globo Repórter vai em busca de novas trilhas, assim como fizeram os primeiros desbravadores que chegaram no Jalapão. No caminho, paramos na cidade de Mateiros, onde vive o Seu Tomé, de 95 anos. Ele veio do Nordeste ainda jovem e trocou a caatinga pelo cerrado. A longevidade é de família, mas os tempos de isolamento são águas passadas. A mulher de Tomé está sempre com o celular ao alcance da mão.
Lá se vão muitos anos. Andar por aquelas bandas não era fácil. Até hoje é um teste de resistência para quem se aventura.
Seu Jurandir e a família dele vivem no topo do cânion. Foi um dos primeiros a chegar ali. E foi justamente em busca de sossego que o David também foi morar por ali. Mas ele não veio sozinho. Dona Antônia se casou com David, quando tinha 22 anos. Eles vivem juntos nesse lugar de mato verde há 33 anos.
Seguimos nosso caminho, em busca de uma cachoeira muito diferente: a cachoeira da ré. Ela engole as suas águas no sentido contrário.
A região tem muitas lagoas de águas azuis, transparentes. Riachos tranquilos que desaguam em cachoeiras. A cachoeira da velha, por exemplo, é um dos principais cartões postais da região. Mas toda a beleza está cercada, pois a fronteira agrícola é vizinha do cerrado preservado. Os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia formam a região conhecida como Matopiba. Esse pedaço do Brasil é muito importante para o agronegócio. Na estação ecológica Serra Geral do Tocantins, mais de 700 mil hectares de cerrado e vida selvagem estão protegidos.
Os morros de arenito testemunham as mudanças na paisagem há milhões de anos. Lá no alto, uma raridade: um ninho de águias chilenas. Sentinelas dos vales perdidos da Serra Geral. Mas já não se vê muitos animais livres pelo cerrado. O Seu Manoel Lasqueira rodou muito por ali, sempre trabalhando como motorista de caminhão e conta que o desmatamento e a caça afugentaram os animais. Hoje em dia ele tem uma cobra de estimação, a Nina.
O fato é que todos gostam muito de viver por lá. Eles abriram caminho, trouxeram a família e se encantaram com as terras e as águas do cerrado.
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/05/familias-se-encantam-pelo-cerrado-e-vivem-em-areas-distantes-da-cidade.html
Cerrado
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