Garimpo ilegal torna-se vetor de desmatamento em UCs na Amazônia
Por Jaime Gesisky
O estudo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgado na terça durante a Conferência do Clima (COP23), na Alemanha, que aponta que o desmatamento dentro das Unidades de Conservação federais (UCs) caiu 28% entre agosto de 2016 e julho de 2017 traz um detalhe revelador sobre a forma como os desmates estão ocorrendo nessas áreas protegidas.
Apesar da queda do desmatamento - onde ele sequer deveria estar ocorrendo -, uma nova dinâmica da destruição vem à tona.
Se a presença das unidades de conservação no arco do desmatamento sempre foi uma aposta eficaz para frear o avanço do desmatamento na Amazônia, hoje essa verdade está sendo agora colocada em xeque.
O estudo corrobora não só que o desmatamento pulou a cerca para dentro das unidades de conservação. A destruição no interior das áreas protegidas agora tem como principal vetor o garimpo ilegal.
Unidades de conservação como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós, no Pará, ou Parque Nacional do Mapinguari (AM) têm hoje sua dinâmica de desmatamento associada à expansão dos garimpos, diz o estudo.
Os sistemas de monitoramento do desmatamento apontam uma alteração no tipo de conversão das florestas no interior das UCs federais, principalmente na região do trecho paraense da BR-163.
Em 2017 foram registrados, até o mês de setembro, 949 polígonos mapeados como mineração pelo sistema DETER-B/INPE, somando uma área total de 45,8 km². Em todo o ano de 2016 foram mapeados 382 polígonos, somando uma área de 29,3 km².
"Pode-se observar zonas de alta concentração na região sul do Amazonas e norte de Rondônia, o que significa que a pressão sobre as unidades de conservação localizadas nesta região vem aumentando no último ano", diz o estudo.
Entre as UCs mais pressionadas destacam-se a Floresta Nacional do Bom Futuro (RO), Parque Nacional do Mapinguari (AM), além da Floresta Nacional de Itaituba II (PA), localizada na região da BR 163.
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Amazônia:Fronteiras
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