Está em fase de consulta popular, até o próximo dia 18, o novo Parque Nacional de Juruena, com 3 milhões de hectares, na divisa do Amazonas com Mato Grosso. A criação do parque é apoiada por pesquisadores e ambientalistas, envolvidos na definição técnica das áreas prioritárias para a conservação da Amazônia e reunidos em Rio Branco, no Acre. O novo parque preservaria serras de até 500 metros de altitude, nascentes importantes - como as do Rio Juruena e dos formadores do rio Tapajós - e incluiria as florestas secas de Mato Grosso, que ficam na transição entre a Amazônia e os cerrados do Centro-Oeste, e ainda não estão incluídas em nenhum unidade de conservação de proteção integral.
"É uma área de grande importância biológica, onde provavelmente existem muitos endemismos (espécies exclusivas), e ainda bastante preservada, embora esteja localizada no meio do Arco do Desflorestamento", ressalta Rosa Lemos de Sá, da entidade ambientalista WWF-Brasil.
O Arco do Desflorestamento é a enorme faixa de fronteira agrícola e intensa exploração madeireira, que se estende da divisa entre Pará e Maranhão até Rondônia e Acre, passando pelo Norte de Mato Grosso e Tocantins e Sul do Amazonas. A criação de um parque nacional, nesta área, preservaria ecossistemas seriamente ameaçados pelo avanço do desmatamento.
"Toda a divisa Leste do parque ainda encosta nas terras indígenas mundurucu, caiabi e Saí-Cinza, contornando a Reserva Ecológica Estadual do Apiacás, além de conter parte de quatro áreas definidas como de extrema importância biológica: as áreas dos rios Juruena, Roosevelt, Teles Pires e o Oeste de Apiacás, o que lhes confere um alto grau de conectividade", acrescenta Leandro Valle Ferreira, do Museu Goeldi. A conectividade entre áreas protegidas, vale lembrar, é importante para a circulação de espécies, manutenção da biodiversidade e diversidade genética.
"Além disso, o parque funcionaria como uma barreira para o avanço do desmatamento decorrente do asfaltamento da BR-230, a Transamazônica, e da hidrovia Teles Pires, atualmente inviabilizada pela Terra Indígena Caiabi", acrescenta Ferreira.
O pesquisador fez uma avaliação técnica das vantagens do Parque Nacional do Juruena, com base na Ecologia de Paisagens e o estudo deve subsidiar as ações do WWF, em prol da criação do parque. "Vamos apoiar sua criação e sugerir que seja incluído no projeto Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)", diz Rosa.
O Arpa pretende assegurar a proteção de mais de 12% do território da Amazônia até 2012, contando com US$ 80 milhões do Fundo Ambiental Global (GEF) até 2006 e o compromisso (assinado durante a Rio +10) de outros US$ 140 milhões até 2012.
(-A Crítica-Manaus-AM-09/12/02)
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