Dia da Amazônia: Greenpeace aponta exploração do garimpo em unidades de conservação da região
Luciana Casemiro
05/09/2024
Neste Dia da Amazônia, o Greenpeace Brasil publica mais um levantamento que aponta o avanço da atividade de garimpo ilegal sobre o bioma. Dessa vez, a organização identificou a devastação pela atividade de uma área que soma 13.848 hectares, em 15 Unidades de Conservação (UCs), nos estados de Amapá, Amazonas e Pará. A Floresta Nacional do Amanã, que fica na divisa entre o Amazonas e o Pará, é a UC com a maior área destruída por garimpo ilegal na Amazônia, 6,8 mil hectares. O rio Amanã, o mais importante da Floresta Nacional, já teve 56km dos seus 156 km afetados pelo garimpo.
Num ranking de devastação das UCs, a Floresta Nacional de Urupadi, no sul do Amazonas, ocupa o segundo lugar. O Greenpeace encontrou 2.603 hectares ocupados pela atividade garimpeira em Urupadi, o que representa um aumento de 759% em menos de oito anos.
Segundo Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, o garimpo tem sido um dos principais vetores de destruição da Amazônia.
- Este novo levantamento, mostra que não são apenas as terras indígenas que são devoradas pelo garimpo, mas também as Unidades de Conservação. O enfraquecimento da fiscalização e o afrouxamento de leis ambientais, ocorridos durante o governo Bolsonaro, assim como o aumento do preço do ouro no mercado externo, fizeram com que os números relativos a essa atividade crescessem exponencialmente, piorando um cenário que já era muito complexo no bioma - explica Dantas.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, em entrevista ao blog, nesta quinta-feira, disse que de fato o governo vem enfrentando problemas com garimpo ilegal em boa parte da Amazônia. Ele contou que o Ibama, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal com o apoio da Força Nacional estão destruindo todas as estruturas ilegais: mais de mil balsas, dragas e retroescavadeiras já foram inutilizadas. E contou que o governo está avançando na chamada rastreabilidade do ouro, o que Agostinho considera uma estratégia importante para a contenção da atividade garimpeira:
- Quem compra esse ouro também precisa ser responsabilizado.
Ao analisar os pedidos de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) disponibilizados pela Agência Nacional de Mineração (ANM) dentro de unidades de conservação, o Greenpeace observou que 43 dos 120 PLGs em tramitação estão sobrepostos à áreas em que já há desenvolvimento de alguma atividade garimpeira na área de preservação. É que há área em que o garimpo é, de fato, permitido. O alerta é que os limites impostos pelo licenciamento podem não estar sendo respeitados.
- O levantamento mostra que a atividade garimpeira teve um movimento migratório nos últimos anos, saindo do sentido leste para o sudoeste da Amazônia, mais precisamente, saindo do Pará e indo em direção ao Amazonas. Os impactos dessa migração já são vistos nos rios Tapajós, Jamanxim, Anamã e Parauari. Entre as áreas analisadas, uma delas nos chamou a atenção pelo grande e rápido crescimento do garimpo: a Estação Ecológica do Alto Maués, no município de Maués, Sul do Amazonas - destaca Dantas.
Estudos recentes do Greenpeace Brasil mostraram que garimpeiros ilegais marcham em direção à exploração de Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami. De janeiro e junho de 2024, abriram uma área equivalente a 584 campos de futebol. A organização ambiental identificou ainda a volta da atividade à Terra Indígena Sararé.
https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/09/dia-da-amazonia-greenpeace-aponta-exploracao-do-garimpo-em-unidades-de-conservacao-da-regiao.ghtml
Garimpo:Amazônia
Unidades de Conservação relacionadas
- TI Kayapó
- TI Mundurucu
- TI Sararé
- TI Yanomami
- UC Amanã
- UC Alto Maués
- UC Urupadi
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