Mortes de sagüis e soldado causam interdição de parque em Natal Ministério investiga os caso, mas risco de estarem relacionados é considerado remoto
JULIANO DE SOUZA Especial para o Estado
NATAL - O Parque Estadual das Dunas, segunda maior floresta urbana do País, estará interditado este mês para trilhas e caminhadas na área de 1.172 hectares de mata atlântica, cartão-postal de Natal. A razão da medida, tomada pela Secretaria Municipal de Saúde, é a morte de sagüis nas últimas semanas e a de um soldado, José Carlos Alexandre da Silva, de 19 anos, que participou de exercícios militares na área em março. O militar morreu em 3 de abril, de falência múltipla de órgãos. Técnicos da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde estão investigando as causas da morte dos animais e a do soldado.
A secretária Maria Aparecida França determinou a proibição na sexta-feira, em caráter preventivo. A primeira avaliação dos técnicos indica ser remota a possibilidade de haver relação entre as mortes. Não foi identificado ainda, com certeza, se o agente causador delas é uma bactéria ou um vírus.
Há algumas semanas, funcionários do parque perceberam que os sagüis estavam morrendo em quantidade maior do que o normal e amostras de tecidos dos animais foram enviadas ao ministério. Mas Ion Andrade, médico e secretário-adjunto de Saúde de Natal, afirma que não há motivo para pânico.
"A mortalidade em primatas deve ser estudada, por sua semelhança com o homem."
Os primatas, pelas primeiras análises, não seriam a fonte de contaminação e podem estar contraindo a doença em algum local específico no solo do parque.
A principal suspeita de causar a morte dos animais é a bactéria Burkodelia pseudomalley, causadora da doença conhecida como melioidose, que causa microabscessos, com acúmulo de pus sobre a pele, e insuficiência respiratória.
O contágio no ser humano é raro, afirmou o secretário-adjunto. "A doença é endêmica na Austrália e só em casos mais graves provoca insuficiência respiratória." O soldado teve febre alta por 48 horas, sem que fosse detectado qualquer tipo de infecção na garganta ou no ouvido. Nenhum colega do militar ou morador do bairro da Redinha, onde ele residia, teve doença semelhante. Em 60 dias, o Hospital Giselda Trigueiro, especializado em doenças infecto-contagiosas, deve concluir os exames sobre a causa exata da morte.
Além do ministério, o caso está sendo analisado pelo Ibama e pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
OESP, 04/05/2004, p. A10
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