O anúncio da criação de mais seis unidades de conservação feito ontem no Palácio do Planalto pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo Ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, em comemoração à Semana da Árvore, integra a meta de estender as áreas de proteção para até 10% do território nacional nos próximos 10 anos. Mais do que ampliar as áreas protegidas, o objetivo é abrir essas áreas para a visitação pública e dividir a gestão sobre elas por meio da formação de conselhos consultivos formado por lideranças comunitárias, organizações não-governamentais e outros representantes da sociedade civil organizada.
As afirmações são do diretor de Ecossistemas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), Luiz Márcio Haddad Pereira Santos, palestrante do primeiro Simpósio e Exposição Internacional sobre Ecoturismo e Desenvolvimento Sustentável dos Países da Bacia Amazônica (Ecotour Amazônia 2001), encerrado ontem no Tropical Hotel. O evento reuniu desde segunda feira mais 1,3 mil pessoas em torno do tema, entre elas representantes de 18 países e dos nove estados que compõem a Amazônia Legal.
Atualmente, a proporção de áreas protegidas é variável entre as regiões brasileiras. Apenas 3,6% da Amazônia Ocidental, compreendida pelos estados do Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre, por exemplo, faz parte de unidades de proteção integral, na forma de parques, estações ecológicas e reservas biológicas. Entre as mais conhecidas da região estão o Parque Nacional do Jaú e as ilhas de Anavilhanas, o maior arquipélago fluvial do mundo, ambos no Amazonas. Também o Pico da Neblina, o ponto mais alto do País, situado em Roraima. Outros 8,5% são áreas de uso sustentável, como florestas e reservas extrativistas.
Conforme Haddad, o Ibama estuda outras 48 áreas na região com a finalidade de transformá-las em unidades de conservação. Na primeira etapa, prevista para acontecer dentro dos próximos quatro anos, 10 milhões de hectares serão transformados em reservas e outros 18 milhões de hectares, ao longo de mais seis anos. Se concretizada a meta de atingir os 10% pretendidos, a Amazônia Ocidental terá 41 milhões de hectares em áreas de preservação nacional.
Aliado à expansão das reservas, o instituto quer abrir essas áreas para a exploração turística. ´Os parques nacionais podem ser explorados como âncora para a formação de pólos ecoturísticos´, disse o diretor. A visitação pública é uma forma de engajar a população nos princípios de conservação e reduzir a área de degradação que, no caso da Amazônia, chega a 12% de suas florestas, afirmou. ´A melhor maneira de proteger é abrir para o turista. Cinqüenta pessoas em uma trilha estragam menos do que uma fora dela´, defendeu.
Segundo Haddad, apenas 12 unidades de conservação de proteção integral foram delimitadas nos últimos 10 anos. Atualmente, o Brasil tem 540 unidades de conservação, que correspondem a 43,6 milhões de hectares. Desses, 4,3 ou 5,8 milhões de hectares, são terras privadas.
Das seis novas áreas anunciadas ontem pelo Planalto, apenas uma fica na região Norte. É a Estação Ecológica de Cuniã, com 42,9 mil hectares, em Rondônia. As outras são a Estação Ecológica da Serra Geral, no Tocantins, com 716 mil hectares; Estação Ecológica do Castanhão, Ceará, com 7,2 mil hectares; Reserva Extrativista da Lagoa do Jequia, em Alagoas, com 10,2 mil hectares e a Área de Proteção Ambiental na nascente do Rio Vermelho, em Goiás, com 176,1 mil hectares. A sexta unidade de conservação na verdade já existia, mas sofreu considerável ampliação. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, passou de 65 mil para 235 mil hectares.
(Rosane Amadori-A Gazeta Mercantil-Manaus-AM-28/09/01)
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