Os representantes das comunidades e Associações de Seringueiros e Extrativistas de do Estado de Rondônia, reunidos na Assembléia Geral da Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), nos dias 17 e 18 de janeiro de 2006, em Porto Velho, repudiaram a violência que estaria sendo orquestrada contra as lideranças do movimento no Estado. Relembraram os assassinatos e a impunidade contra João Batista Tomásio, em 2000, Carlos Francisco Góes, em março de 2005, e, mais recentemente, João Batista Suntak, em 26 de dezembro de 2005.
No caso dos assassinatos de Tomásio e Góes as investigações foram suspensas e os mandantes não foram descobertos, sendo a causa das duas mortes a resistência em suas colocações à invasão, roubo de madeira e grilagem de terras. Após divulgação do assassinato de João Batista Suntak em nível nacional, as autoridades realizaram diligências e descobriram o mandante do crime, o vereador licenciado e secretário de obras do município de Vale do Anari, Valter Bispo dos Santos, e o executor do crime, um braçal de nome Ismael, que se encontra foragido da Justiça.
O vereador Valter Bispo dos Santos, após prestar depoimento à polícia, foi liberado e continua secretário municipal de obras em Vale do Anari. Segundo depoimento do mandante do assassinato, a morte de João Batista Suntak teve motivo passional pela disputa da ex-esposa do seringueiro.
O histórico para se chegar ao assassinato teve início com as denúncias e a vigilância que a Associação dos Seringueiros do Vale do Anari (ASVA) realizava e que impedia em muitos casos o roubo de madeira e a grilagem de terras na Reserva Extrativista Aquariquara. No ano de 2005, a situação estava insustentável, o que levou muitas lideranças do Estado a Brasília para uma audiência com a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em 26 de setembro, e o encaminhamento de uma carta ao Ministério da Justiça, solicitando providências em relação aos assassinatos e garantia de proteção para as lideranças que estavam sendo ameaçadas de morte. A partir da audiência com a ministra, as ameaças se ampliaram, culminando com um novo assassinato.
"Repudiamos que o crime tenha sido de ordem passional e acreditamos veementemente que o mesmo tem causa nos interesses econômicos pela riqueza dos recursos naturais da Reserva Extrativista Aquariquara, principalmente pelas madeiras, minérios e terra. Solicitamos das autoridades federais a desintrusão imediata da reserva em parceria com a ASVA, emissão de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que a associação e os moradores possam desenvolver suas atividades econômicas e de co-gestão da RESEX", declaram os participantes da Assembléia.
Questão Agrária/Fundiária
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