Amapá: festas e álcool causam transtornos no quilombo do Curiaú

Blog da Amazônia por Altino Machado - http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br - 23/04/2009
Moradores do quilombo do Curiaú, em Macapá (AP), exigem que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fiscalize com rigor a realização de festas na comunidade fora do calendário das festas tradicionais.

A presidente da Associação de Moradores do Quilombo do Curiaú, Josineide Araújo, relatou a ocorrência de até cinco festas dançantes por semana, sem que sejam autorizadas pelos órgãos de fiscalização ambiental. O que mais incomoda à maioria dos moradores é o volume de som das festas.

- A área é de preservação ambiental, de uso coletivo, porém não somos consultados sobre o assunto nem respeitados - disse Josineide Araújo.

O quilombo do Cariaú mede 21,6 mil hectares, a 10 quilômetros do centro da capital do Amapá. Mais de 1,6 mil moradores, descendentes de famílias tradicionais, formam a primeira comunidade quilombola reconhecida no Estado.

A comunidade preserva seus costumes e crenças e luta para conservar a Área de Proteção Ambiental (APA) em que vive. Considerada importante sítio histórico e ambiental, a APA de Curiaú é uma das principais atrações turísticas do Amapá, sendo visitada por moradores do estado e turistas.

Na igreja local a comunidade celebra uma das festas religiosas mais importantes do Amapá. Os moradores argumentam que controlar as festas que estão em desacordo com o calendário tradicional é importante para a preservação da cultura do Curiaú.

- São muitos os danos à natureza, à cultura e à saúde do nosso povo, sem contar a violência que aumentou muito com as festas sem controle. São muitos acidentes de trânsito e brigas que acabam em morte - acrescentou Josineide Araújo.

Segundo a presidente da Associação de Moradores, aumentou o número de pessoas alcoólatras, independente da idade, e os idosos são os que mais sofrem com o volume das aparelhagens.

- Por sermos área quilombola e esse reconhecimento é condicionado ao uso para plantar e criar animais. Infelizmente, muitos moradores não respeitam as leis e vivem de organizar festas. Isso é matar nossa cultura - acrescentou a líder comunitária.

O secretário municipal Eraldo Trindade, do Meio Ambiente, se comprometeu a intensificar a fiscalização. Quando necessário, será feita a notificação, autuação ou a apreensão de equipamentos e fechamento de estabelecimentos.

UC:APA

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