'Amazônia ainda é vista como lugar a ser explorado para tirar riqueza', diz cientista

Portal Amazônia - http://portalamazonia.com - 08/12/2014
Presidentes das Academias de Ciências da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e cientistas nacionais reuniram-se, no último sábado (6), em um encontro que debateu as atividades desenvolvidas pela Rede de Desenvolvimento Sustentável (SDSN-Amazônia). A instituição é o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) na região.

Durante 2 horas, os estudiosos pontuaram suas considerações sobre desafios e oportunidades das Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), um projeto criado em 2007 que articula atividades referentes ao bolsa floresta e cria projetos educacionais para ribeirinhos. O modelo de desenvolvimento sustentável atua em 16 unidades de conservação.

A pesquisadora na área sócio ambiental, Ana Toni, afirmou que a Amazônia é pensada como local de exploração de recursos naturais. "A amazônia ainda é vista como um lugar a ser explorado para tirar riqueza para outros centros" pontuou ela, que mostrou em sua exposição que é possível aliar desenvolvimento econômico com um modelo de negócio que pensa a região de maneira sustentável. Os desafios ainda são os entraves políticos que assombram diversos projetos ao redor do mundo. "Realmente temos diferente estruturas politicas entre governo nos países da América Latina, isso tem que ser levado em consideração".

Vice-presidente da academia Brasileira de ciência, Hernan Chaimovich disse que as ações devem atingir um maior público. "Garanto que todos os programas deram certo, mas é preciso aumentar a escala que é uma questão basicamente política e acho que isso é em todos países. Os programas cientificos devem chegar a mais pessoas e isso acontece da comunicação efetiva da parte que sabe fazer e da que decide".

Herman e outros cientistas consideraram o modelo aplicado na região como uma cultura complexa, mas bastante promissora. Eles levantaram questões referente a própria sustentabilidade das cadeias produtivas já existentes para melhorar a situação econômica do ribeirinho, que hoje sobrevivem, por exemplo, do ecoturismo, artesanato e produçao de castanha.

Ribeirinhos que derrubavam árvores, agora precisam da floresta para sobreviver

O Comunitário Roberto Brito conta que antes do projeto vivia da exploração de madeira, uma atividade que aprendeu com o avô e o pai. "Essa era a nossa fonte de renda, lembro que meu avô e pai trabalhavam com cerrote, e depois veio a tecnologia, com a motosserra. O que restava para o sustento da nossa família era a floresta, que está aqui do nosso lado. Nós não tínhamos oportunidade fazer outra atividade. Todo dia era uma árvore nova que derrubávamos", desabafa Roberto, que hoje compreende a importância de preservar.

O projeto da SDSN foi implantado há 6 anos na comunidade de Robeto, localizada em Tumbira, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. Segundo ele, os moradores tiveram capacitação para aprender a gerar renda de maneira sustentável.

"Hoje nos fazemos tudo aqui na comunidade de forma técnica. Os cursos são voltados em cima da demanda da própria comunidade, por exemplo, o nosso meio de transporte é a embarcação, nós tivemos curso em cima do motor de poupa e rabeta, antigamente agente ia pra cidade pra resolver um problema no transporte por causa falta de informação".

De acordo com o comunitário, a renda mensal aumentou também. "Aqui na comunidade vivem 34 famílias e nossa renda mensal é de 20 mil reais e no passado ganhávamos menos em cima de madeira clandestina. A agradeço por ter tido a consciência de que isso é errado a tempo e porque continuo na minha comunidade e usufruindo da floresta em pé. Tenho um filho de 17 anos que nunca derrubou uma árvore, isso no meu tempo não existia. Hoje, com o conhecimento que tenho, estou 'na sustentablidade'. É uma mudança que através da floresta chega tudo para nós".



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