Dois seringais do Alto Juruá serão transformados em projeto agroextrativista

A Superintendência Regional do Incra no Acre recebeu da Justiça Federal na última semana a imissão de posse nos seringais Triunfo II, no município de Marechal Taumaturgo, e Miritizal, em Cruzeiro do Sul. Essa medida é uma das últimas etapas para destinação de uma área para reforma agrária. Os próximos passos são a publicação da portaria de criação do projeto, o cadastro e a homologação das famílias. Situados às margens do rio Juruá, cada imóvel será transformado em Projeto Agroextrativista (PAE) e beneficiará cerca de 350 famílias.

O seringal Triunfo II possui 7.024 hectares, é uma área propícia para agricultura familiar e irá atender aquelas que aceitarem a transferência do Parque Nacional da Serra do Divisor, que fica na margem oposta do rio Juruá. Como o parque é uma unidade de proteção integral, a legislação não permite que a área seja habitada e essas pessoas podem ser transferidas para o novo projeto de assentamento.

Já o seringal Miritizal possui em seus 5.064 hectares cerca de 270 famílias estabelecidas como posseiras e sobrevivendo de atividades agrícolas, pesca e extrativismo. A área está inserida dentro do perímetro urbano de Cruzeiro do Sul e pode tornar-se um assentamento voltado para produção de produtos hortifrutigranjeiros, a fim de suprir a demanda do município e entorno. Morador do local há 27 anos, Ramiro Araújo Pereira comemorou a despropriação do imóvel: "De agora em diante, nós podemos trabalhar com segurança, pois quando Incra começar a trabalhar, só vai depender de nós para produzir".

Na modalidade de PAE, as atividades são dirigidas para o manejo da flora e da fauna, através de técnicas adequadas que possibilitem à pesca e a extração de madeira, frutas, óleos e outros produtos sem prejudicar o ecossistema. Além disso, os assentados podem produzir alimentos para o autoconsumo e criar pequenos animais, como galinhas, patos e suínos. De acordo com o executor da unidade do Incra em Cruzeiro do Sul, engenheiro agrônomo Valter Barbosa Magalhães as duas áreas vinham sendo trabalhadas desde meados de 2006 e há muito tempo os movimentos sociais esperavam por este momento.

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