Ibama vistoria praias no RS onde foram encontrados pinguins sujos de óleo

Ibama - http://www.ibama.gov.br - 01/07/2011
O coordenador das emergências ambientais do Ibama/RS, Kuriakin Toscan, percorreu, durante o último final de semana, as praias do litoral norte e médio do estado para vistoriar pontos onde foram encontrados pinguins atingidos por óleo. Durante a fiscalização, ele encontrou e recolheu alguns animais vivos com e sem óleo.

Segundo Kuriakin, também foram avistados cerca de 30 pinguins mortos, que devem ter chegado à costa fracos e famintos e que morreram em consequência do esforço durante migração da Patagônia em busca de alimentos e de águas mais quentes nesta época do ano. Mas, sem exceção, os pinguins (a maioria juvenis) que foram recolhidos estavam muito fracos e com pouco peso.

Já na quarta-feira (22/06), o Ibama/RS acompanhava a situação através do escritório de Rio Grande e da base avançada de Tramandaí depois que as primeiras aves foram localizadas pelo Batalhão de Polícia Ambiental da Brigada Militar. No mesmo dia, o chefe da base avançada de Tramandaí, Paulo Renato Prux, realizou uma primeira vistoria nas praias locais e fez contatos com a Transpetro (subsidiária da Petrobras) para verificar a possibilidade de vazamentos ou derramamentos de óleo já que, naquela região, há circulação de navios de grande porte devido à existência de monobóias da Transpetro (local onde navios atracam para deixar o petróleo que será levado às refinarias), localizada a oito quilômetros da costa, o que não se confirmou.

Com a fiscalização do responsável pelas emergências ambientais em uma extensão maior do litoral foi possível verificar os fatos com mais precisão. Kuriakin percorreu cerca de 300 quilômetros na faixa de areia entre a praia de Imbé até o final da Lagoa do Peixe, no município de Mostardas, no Litoral Médio. Foram recolhidos 15 pinguins contaminados com óleo, levados inicialmente para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Como o parque não tem estrutura física nem de recursos humanos para o atendimento destas emergências, foram improvisados cercados e sistemas de aquecimento compostos de lâmpadas incandescentes para manutenção provisória dos animais.

Outros 40 pinguins que eram atendidos no Centro de Estudos Limnológicos e Costeiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (em Imbé) também foram levados para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos e Silvestres, do Museu Oceanográfico da Fundação Universidade de Rio Grande (Cram). Todos os pinguins recolhidos eram da espécie Spheniscus magellanicus (pinguim-de-magalhães).

Segundo o relatório, na medida do possível, os animais eram alimentados e hidratados através de sondas. Ao todo, foram recolhidos em torno de 100 animais no parque, sendo todos eles transferidos posteriormente em um caminhão pelo Batalhão de Polícia Ambiental da Brigada Militar para o Centro de Recuperação de Animais Marinhos e Silvestres.

O relatório do agente federal ambiental informa também que "apesar da existência dos vários comunicados feitos ao Ibama e aos demais órgãos ambientais, relatando a existência de óleo na praia, até o presente momento nenhuma deles foi confirmado, pois não foi constatada a presença de óleo na praia por nenhum dos órgãos ambientais envolvidos no atendimento da emergência".

O fato de que a mancha de óleo não chegou até a praia, segundo o relato, "é um indicativo de que a mesma encontrava-se distante da costa e que muito possivelmente ocorra a degradação e a dispersão do óleo de forma que o mesmo nunca chegue na costa. Sendo assim, pode-se considerá-la como sendo uma mancha órfã, ou seja, sem origem conhecida". Ocorrem, em todo o litoral do Rio Grande do Sul, algas marrons microscópicas, que, em determinados períodos do ano, quando as condições ambientais são favoráveis, proliferam-se, tornando a água bastante turva e chegando a formar uma camada marrom na praia. Este evento é chamado pelos gaúchos de "Chocolatão" devido à cor do mar.

De acordo com o responsável pelas emergências ambientais do Ibama/RS, "é inegável que houve dano ambiental no presente caso. A quantificação dos danos é bastante difícil. Aparentemente, o dano maior ocorre na contaminação. A morte dos pinguins, no entanto, é difícil de quantificar haja vista que não há como avaliar se a morte de tais indivíduos tem impacto significativo na população da espécie ou se é insignificante frente ao tamanho da população".

"Mais difícil ainda", segundo o relatório, "é estimar os demais danos causados ao meio ambiente, pois não há nenhuma informação disponível quanto aos efeitos da mancha sobre os demais animais e sobre a flora marinha".

Entre as conclusões, Kuriakin Toscan salienta que ?muito provavelmente, os pinguins contaminaram-se na mancha de óleo órfã em alto mar. Esta conclusão deve-se ao fato de que o óleo não chegou à praia, indicando relativa distância da costa, e quanto à própria migração dos animais contaminados, que ocorre aproveitando-se as correntes marinhas também distantes da costa?, finaliza.




http://www.ibama.gov.br/archives/16153
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