Inovação tecnológica em comunidades ribeirinhas

A Crítica - http://acritica.uol.com.br - 27/08/2012
Precisamos produzir com melhores condições de trabalho, menor custo, melhor qualidade, menor impacto ambiental e melhor distribuição de renda. Essa é a essência do desafio da economia verde no Amazonas e no mundo.

Como transformar esse desafio em realidade? Proponho aqui dois focos principais. Primeiro, devemos promover a criatividade em todos os níveis. Desde a inovação tecnológica nos centros de pesquisa até a engenhosidade prática dos que estão diretamente envolvidos com a produção. Sem um choque de criatividade não conseguiremos dar o salto necessário para tornar as cadeias produtivas mais verdes no seu sentido mais amplo. Segundo, devemos diminuir a distância entre as instituições de pesquisa e as comunidades ribeirinhas.

Os centros de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação são muito distantes dos potenciais usuários, especialmente as populações ribeirinhas e indígenas. Como alterar isso?

Acaba de ser lançado um programa inovador, fruto de uma parceria entre o do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e a Fundação Amazonas Sustentável (FAS). Trata-se da realização de feiras de tecnologias sociais para comunidades ribeirinhas. Foi um longo processo de construção conjunta, que envolveu profissionais de ambas as instituições. Primeiro, o INPA identificou tecnologias que já estão testadas, comprovadas e prontas para uso. Depois, a FAS selecionou aquelas que possuem maior potencial de adoção, com base na sua experiência de trabalho com 541 comunidades ribeirinhas. O processo de seleção das tecnologias envolveu ainda um seminário com as lideranças das associações de moradores das Unidades de Conservação onde se implementa o Programa Bolsa Floresta.

A primeira Feira de Inovação, Ciência e Tecnologias Sociais foi realizada no dia 11 de agosto, na comunidade Santa Helena do Inglês, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro. Foram apresentadas diversas tecnologias, incluindo: criação de peixe em igarapés, produção de mel com abelhas nativas; produção de compensados com galhos de buruti; uso de cravo-da-índia no controle do mosquito da dengue e malária; dentre outros.

A Feira foi realizada em paralelo ao II Campeonato de Futebol Sustentável, organizado em parceria com a Associação das Comunidades Sustentáveis do Rio Negro e apoio da Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer. O campeonato envolve as 19 comunidades da RDS Rio Negro e sua rodada de abertura teve mais de 600 participantes.

Além do Campeonato e da Feira, aconteceu também a Gincana Cultural, que ofereceu para as mulheres minicursos de culinária, artesanato e saúde. Nesse evento, a FAS contou com apoio do Instituto Consulado da Mulher (ação social da marca Consul, que proporciona assessoria a mulheres de baixa renda e pouca escolaridade); Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas e Centro Estadual de Unidades de Conservação.

A estratégia de enriquecer eventos esportivos ou religiosos com atividades educativas já vem sendo utilizada pela FAS há bastante tempo. A adição de uma nova iniciativa voltada para tecnologias sociais é mais um passo para contribuir na melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas. Educação profissionalizante e inovação tecnológica são elementos essenciais para a erradicação da pobreza, melhoria da qualidade de vida e valorização econômica da floresta em pé. Com isso, damos mais um passo para promover a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável nas comunidades ribeirinhas do Amazonas.



http://acritica.uol.com.br/blogs/blog_do_virgilio_viana/Inovacao-tecnologica-comunidades-ribeirinhas-acritica-manaus_7_763193677.html
Amazônia:Políticas de Desenvolvimento Regional

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