Instituições esquecem do vigésimo aniversário do Parque do Divisor, mas moradores revelam 2 novas cachoeiras

Portal JuruáOnline - www.juruaonline.com.br - 17/07/2009
O maior monumento ecológico do Estado e um dos principais símbolos do Acre, o Parque Nacional da Serra do Divisor, completou 20 anos de criação no último dia 16 de Junho sem nenhuma comemoração por parte do ICMBio, Governo do Estado ou Prefeituras. Apesar da gafe generalizada das autoridades, os moradores da Unidade de Conservação mais ocidental do Brasil seguem cada vez mais conscientes da importância da área para a conservação da biodiversidade amazônica. Recentemente, eles deram ao Estado mais um presente ao revelar a existência de duas novas cachoeiras na Serra do Moa - mais altas que todas as conhecidas até então.

Duas novas cachoeiras reveladas na Serra do Moa

Foi uma semana inesquecível para os moradores do Parque Nacional da Serra do Divisor, unidade de conservação de aproximadamente 843 mil hectares localizada em pleno coração da floresta amazônica, na fronteira entre Brasil e Peru, no Estado do Acre. Entre os dias 28 de Novembro e 06 de Dezembro de 2008 foi promovido um intercâmbio planejado pelo Conselho Consultivo deste Parque, objetivando que os conselheiros conhecessem a área de uso público, visto que, apesar de terem a atribuição de apoiar as decisões de gestão da unidade, entre elas as decisões sobre o uso público, muitos deles não conheciam os atrativos.

O encontro resultou em muitos debates, trocas de experiências, em visitas às atrações turísticas consagradas do PNSD e numa surpresa inesperada. No mês de outubro, Agemiro Oliveira Magalhães, o Miro, funcionário terceirizado do Parque que trabalha na base do Pé da Serra, informou a equipe gestora da unidade da existência de duas cachoeiras desconhecidas na área norte, tendo então recebido apoio para abrir as trilhas de acesso. Ao final do intercâmbio, as trilhas foram inauguradas, numa celebração coletiva dessas belezas da Serra do Divisor, que são as cachoeiras mais altas conhecidas no Acre e encantaram a todos -- inclusive aos moradores do Pé da Serra, que mesmo estando tão próximos também não conheciam as quedas. As cachoeiras estão localizadas no Igarapé do Amor, afluente do Rio Moa, sendo que uma delas leva o nome do próprio igarapé -- a cachoeira do Amor -- e a outra foi batizada como Cachoeira da Estátua.

A metodologia de intercâmbio tem sido utilizada como ferramenta de capacitação continuada e integração entre a equipe gestora e os conselheiros do Conselho Consultivo do PNSD desde 2002, sendo essa a quarta edição realizada por este Conselho. A edição anterior aconteceu em 2004 e envolveu comunidades da Reserva Extrativista do Alto Juruá e da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, tendo sido registrada no documentário "O Divisor que nos une". Desta vez os conselheiros puderam visitar o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) São Salvador e conversar com suas lideranças, conhecendo o processo de formação e situação atual do PDS, bem como a Sede Administrativa de São Salvador, ocupada pelo Exército Brasileiro e o Posto de Informação e Controle (PIC) do Pé da Serra, que são infra-estruturas de apoio do PNSD.

O intercâmbio é também um momento de integração entre os diferentes atores envolvidos na gestão do PNSD, sendo realizado de forma descontraída e harmoniosa, o que se reflete posteriormente nas reuniões do Conselho Consultivo, tornando o grupo mais integrado.

As novas cachoeiras da Serra do Divisor

A cachoeira do Amor surge no topo de num paredão íngreme, em meio à mata exuberante, como que inspirada no seu nome. Numa estreita passagem, a água subitamente encontra um caminho para continuar adiante, gerando um formidável espetáculo, de aproximadamente 20 metros de altura, conforme medição aproximada calculada pelos primeiros visitantes do novo atrativo.

Já a cachoeira da Estátua tem 3 níveis de queda, sendo que sua entrada se dá por entre as quedas menores, o que demandará investimentos em infra-estrutura para que o local possa ser liberado para a visitação pública. O nome desta cachoeira se originou como sugestão dos conselheiros, impressionados com uma projeção de pedra existente no meio da queda, que parece uma estátua.

Miro conta que sua família já conhecia as cachoeiras há anos, mas nunca haviam tido interesse em abrir as trilhas porque achavam que as pessoas talvez não as achassem assim tão bonitas. Mas a felicidade dos conselheiros mostrou que era um engano: além de um relaxante banho nas quedas d'água, foi possível contemplar a grande diversidade de animais e vegetais características da Serra do Divisor, tudo isso em meio a muita paz e silêncio.

A trilha de acesso às novas cachoeiras está entre as mais bonitas existentes no Parque. Em 25 minutos de caminhada a partir do Rio Moa, o visitante passa por diversas pequenas cachoeiras, pelo igarapé do amor, por paredões e formações rochosas e vegetação exuberante. A trilha, de fácil acesso e baixo grau de dificuldade, brinda uma oportunidade inigualável para aqueles que não têm muito tempo de permanência na unidade ou que possuem dificuldade de realizar uma trilha de maior grau de dificuldade.

A região da Serra do Divisor é conhecida mundialmente por sua megabiodiversidade, por abrigar a maior riqueza regional de primatas (16 espécies), anuros (132 espécies) e borboletas (mais de 1600 espécies), apenas para citar os grupos mais conhecidos. O acesso à Serra pode ser realizado por via fluvial a partir da cidade de Mâncio Lima, à partir do porto do Japiim, ou pela cidade de Cruzeiro do Sul, por onde é necessário percorrer a volta da Aurora, sendo este percurso mais longo.

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