Objetivo é qualificar gestores de unidades de conservação da Amazônia, por meio do Instituto IPÊ, para articular apoios de instituições que contribuam para o desenvolvimento das UCs
Grandes distâncias, isolamento, pressões do agronegócio, desmatamento. Os desafios para gestão de unidades de conservação (UCs) na Amazônia são grandes. Além disso, há ainda a necessidade de manter bom relacionamento com a comunidade, o que exige muita diplomacia.
Pensando nesses desafios, gestores de 14 UCs e dois núcleos de gestão integrada (NGI) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) participam até esta sexta-feira (23), em Brasília, da Oficina de Consolidação das Estratégias para Estabelecimento de Parcerias com Instituições Locais.
A oficina é parte do Projeto Motivação e Sucesso na Gestão de Unidades de Conservação Federais Brasileiras, parceria entre o ICMBio, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e a Fundação Moore desde 2013. O objetivo é alavancar o fortalecimento das parcerias entre unidades de conservação e instituições locais que possam apoiar as UCs com ações operacionais, como trilhas, recepção de visitantes e auxílio no monitoramento da biodiversidade.
"O projeto visa realizar parcerias locais, por intermedio do IPÊ, para contratação de serviços com vistas a apoiar o desenvolvimento das unidades de conservação selecionadas em ações estratégicas dos macroprocessos do instituto e, assim, atingir o objetivo central de potencialização da gestão das unidades de conservação. As parcerias poderão representar um salto qualitativo e quantitativo nas atividades cotidianas, além do fortalecimento dos parceiros locais envolvidos", disse Carla Guaitanela, da Coordenação de Gestão de Uso Público, do ICMBio.
Rsponsabilidades
Os gestores serão capacitados para identificar instituições parceiras em nível local, como associações comunitárias e universitárias, para apoiar as atividades-meio. O IPÊ será o responsável por fechar as parcerias com as instituições, que, por sua vez, oferecerão os profissionais. O ICMBio fica com a tarefa de apontar os perfis profissionais necessários e definir as tarefas e competências.
"Buscamos resultados em três blocos como os resultados diretos para as UCs, ações de fortalecimento das unidades com as populações locais e dos processos estratégicos do ICMBio", esclarece a coordenadora de projetos do IPÊ, Fabiana Prado.
Durante a oficina, os gestores estão discutindo temas como liderança de alta performance, gestão de equipe e elaboração de plano de trabalho, que serão implantados na unidade com o objetivo de capacitar os gestores. "O trabalho é uma construção coletiva, então nós esperamos que os gestores também tragam contribuições para que possamos organizar a operacionalização desse projeto na unidade", explica Prado.
Juruena, pressões do agronegócio
A região Amazônica é conhecida por ser foco de diversas pressões ambientais. O Parque Nacional do Juruena, entre Mato Grosso e Amazonas, por exemplo, fica na fronteira agrícola mato-grossense e é alvo de crescente impacto causado pelo desmatamento.
"Também somos uma UC isolada de outras unidades administrativas com uma equipe reduzida", explica a gestora do parque, Lourdes Iarema. "Por esse motivo, nossas ações operacionais carecem de apoio", completa.
Por meio da construção de parcerias, Iarema espera que a unidade receba auxílio em várias ações desenvolvidas pelo parque centradas no monitoramento da biodiversidade, principal ferramenta para elaborar as medidas de gestão na unidade.
A gestora diz estar otimista com os resultados que o projeto pode alcançar. "Desde a criação da unidade há conflitos por se tratar de área estratégica. Trazendo a comunidade, esperamos que a participação social na gestão e sensibilização da necessidade de conservação do parque", afirma.
Em Itaituba, participação popular
Na região de Itaituba, no Pará, o ICMBio implantou a Unidade Especial Avançada (UNA), uma decisão inovadora que congrega as várias unidades da região administradas por macroprocessos de trabalho.
Para o analista ambiental Aderson Avelar, da área de Proteção, além das pressões antrópicas (do homem), lidar com a comunidade local é um desafio. "Uma das ameaças que as unidades enfrentam é a ocupação. O modelo na Amazônia é muito voltado para o desenvolvimento agrícola então é difícil implementar até conselhos consultivos com a comunidade".
Avelar conta que a região é permeada por conflitos de terra, exploração de madeira e minérios e ocupação irregular. Nesse aspecto, a fiscalização por parte do ICMBio precisa ser "muito incisiva".
Apesar das resistências, os gestores tiveram uma boa resposta depois da chamada por profissionais para compor a brigada de incêndio para atender a Serra do Cachimbo. Eles devem começar os trabalhos no próximo dia 3.
O sucesso da iniciativa estimulou os gestores a ingressar no projeto. A unidade espera contar com colaboradores para auxiliar na base da Serra do Cachimbo, em matéria administrativa e apoio logístico. "Também almejamos que nossa iniciativa mostre a outros órgãos que podemos contar com o apoio da comunidade", conta Avelar
Pertencimento
Para a gestora Jackeline Spínola, da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, o modelo de parceria com a comunidade vai estimular o sentimento de pertencimento e, consequentemente, fazer com que as pessoas se sintam parceiras do ICMBIO na conservação da biodiversidade.
A Resex Tapajós-Arapiuns possui aproximadamente 3,5 mil famílias vivendo no interior ou no entorno. A economia é baseada em agricultura de subsistência e na extração de produtos diversos, como castanha, óleos vegetais, sementes e frutos.
"O projeto vai possibilitar alternativa de geração de renda com qualidade a essa população", diz Spínola. "O ICMbio é um vetor para o fortalecimento para que a economia local se desenvolva de forma sustentável".
http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/8986-oficina-discute-formacao-de-parcerias-institucionais
Recursos Hídricos:Geral
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Tapajós-Arapiuns
- UC Juruena
- UC Nascentes da Serra do Cachimbo
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