Começou nesta terça (18) e segue até a sexta (21), em Juazeiro (BA), o Seminário para o Reconhecimento do Corredor Ecológico das Onças na Caatinga. O encontro discute a criação de uma grande área de proteção para as onças e diversas outras espécies que vivem no bioma. Participam do seminário técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ibama e dos governos dos estados da Bahia e Piauí.
Com o seminário, o último de uma série de três, serão concluídas as atividades do grupo de trabalho (GT), criado por portaria do Ministério do Meio Ambiente em abril de 2007 para trabalhar na demarcação dos limites da área do futuro corredor, ainda na gestão da ex-ministra Marina Silva. Do encontro sairá a proposta definitiva a ser enviada ao ministro Carlos Minc.
O analista ambiental do ICMBio Moacir Arruda lembra que a idéia é discutida desde 2007. Como um dos coordenadores do estudo, ele explica que o objetivo do corredor ecológico é interligar áreas importantes de proteção da caatinga. "Hoje temos unidades de conservação completamente segregadas. Esse isolamento não permite a circulação de animais, como a onça-pintada, que empresta seu nome ao corredor, e impede a troca de material genético entre flora e fauna locais", pondera ele, que atua no Bioma Caatinga do Instituto Chico Mendes.
O Grupo de Trabalho (GT) designado para elaborar e implementar corredor sugere que unidades de conservação federais e estaduais sejam interligadas desde a Floresta Nacional Contendas do Sincorá e do Parque Nacional da Chapada Diamantina, no centro da Bahia, até o Parna da Serra das Confusões, no Sul do Piauí. A união contemplaria, ainda, o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), o Parque Estadual do Morro do Chapéu (BA) e as Áreas de Proteção Ambiental (APA's) Dunas, Veredas do Baixo e Médio São Francisco e Lagoa de Itaparica, entre outras unidades.
O estudo de implementação do corredor ecológico é financiado com recursos do Projeto de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco. Os técnicos envolvidos no trabalho acreditam ainda que muito mais do que permitir a circulação das diversas espécies que vivem na caatinga, a área pode minimizar a ação de caçadores e fazendeiros inconformados com o ataque das onças aos rebanhos, além de diminuir o número de atropelamentos desses animais nas rodovias.
Para o analista Moacir Arruda, a interligação das unidades também contribuirá para o sucesso de projetos de uso sustentável dos recursos naturais e para a distribuição eqüitativa das riquezas da biodiversidade. "Com o corredor ecológico, não somente a onça pintada, que é o principal felino ameaçado de extinção nessa região, mas também as outras espécies terão espaço para migrar e se reproduzir com mais tranqüilidade em seu habitat natural", reforça.
A caatinga, o único bioma eminentemente brasileiro, ocupa 7% do território nacional, distribuindo-se por vários estados do Nordeste. É um dos ecossistemas mais ameaçados e menos protegidos do País.
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