O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciências e Tecnologia (Femact) de Roraima e a Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), está com equipes no Município de Rorainópolis, no sul do estado, atuando em uma ação de fiscalização para coibir crimes ambientais. A operação Guarantã, que em tupi significa "madeira dura", foi deflagrada na segunda-feira, 24, e será executada por tempo indeterminado na região.
O foco da operação são as atividades ilegais cometidas na Floresta Nacional de Anauá, unidade de conservação ambiental com 255.900 hectares. Somente na primeira semana de execução da Guarantã as equipes já apreenderam mais de 2 mil metros cúbicos de madeira retiradas ilicitamente da reserva e de sua zona de amortecimento.
"As madeiras estão sendo retiradas de forma clandestina de dentro da unidade e em áreas adjacentes, que são áreas que mesmo estando no entorno estabelecem um nexo causal, ou seja, esses crimes que estão acontecendo, mesmo os fora da zona de amortecimento, podem influenciar no bioma da reserva de conservação", disse o analista ambiental e chefe da unidade, Geomar Carneiro, que coordena a operação.
Ele explica que a ação foi desencadeada devido à grande pressão dos recursos naturais da unidade e, principalmente, pelo aumento da exploração madeireira no Município de Rorainópolis, que cresceu assustadoramente nos últimos dois anos em virtude do incremento do setor madeireiro na região.
Com a operação da Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e demais órgãos ambientais no Estado do Pará, o cerco aos exploradores ilegais de madeira, em especial da região de Tailândia, foi fechado. Sem terem como agir, as madeireiras migraram para Roraima e se fixaram, principalmente, em Rorainópolis.
Para coibir a atuação e impedir o desmate ilegal na região, outras duas operações foram realizadas anteriormente à Guarantã. Em todas as ações, a dificuldade vem sendo identificar os agentes infratores.
A quantidade de madeira apreendida até agora na operação foi encontrada abandonada nas porções de mata. Assim que têm informações da fiscalização, os exploradores se evadem do local deixando para trás o material, ficando assim a relação de responsabilidade do pretenso infrator impossibilitada de ser estabelecida.
A madeira então é apreendida e submetida a uma destinação sumária, neste caso ao Exército Brasileiro. Em paralelo a isso, correm na esfera administrativa os procedimentos para investigar o caso, buscando a consumação do rito processual com a identificação dos infratores. As multas administrativas para os infratores variam entre R$ 300 e R$ 50 milhões. Além disso, a pessoa poderá ser autuada em fragrante e responder pelo crime na cadeia.
"Dentro da área da unidade de conservação pouco já foi explorado, mas se a gente não coibir nesse momento, com certeza vão chegar à reserva. O foco da operação é realmente a Floresta Nacional de Anauá, entretanto qualquer ilícito detectado ao longo da execução das atividades também está sendo objeto de fiscalização das equipes", informou Geomar Carneiro.
A partir da semana que vem, além de atuar via terrestre, as equipes contarão com informações de imagens via satélite e o monitoramento aéreo com uso de helicópteros. "Isso vai possibilitar dimensionar o grau do possível impacto dentro da unidade e detectar novos focos de extração, que são muito difíceis de serem detectados somente através de imagem de satélite", comentou o coordenador da operação Guarantã.
OUTROS - Dentro do planejamento anual de fiscalização do ICMBio, estão as outras sete reservas ambientais federais existentes em Roraima: o Parque Nacional do Monte Roraima, ao norte do estado; Estação Ecológica de Maracá, no Município de Amajari; Floresta Nacional de Roraima, em Alto Alegre; Estação Ecológica de Caracaraí, Estação Ecológica de Niquiá, Parque Nacional do Viruá e Parque Nacional Serra da Mocidade, todos no Município de Caracaraí.
http://www.icmbio.gov.br/noticias/instituto-e-governo-de-roraima-combatem-extracao-ilegal-de-madeira-em-unidade-de-conservacao
Amazônia:Madeira-Exploração
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