A falta de instrumentos legais de gestão nas unidades de conservação ambiental - como planos de manejo e conselhos gestores - e a fiscalização deficiente dos órgãos ambientais municipais e estaduais promovem o aumento do desmatamento nas unidades de uso sustentável que ficam na Região Metropolitana de Manaus (RMM), que já perderam mais de 144 mil hectares de área preservada.
É o que aponta a pesquisa "Desafios Frente à degradação ambiental das Unidades de Conservação na RMM e as ameaças à conservação", da Fundação Vitória Amazônica, que lista as unidades de uso sustentável - Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) - do município e do Estado como as mais desmatadas, principalmente aquelas que ficam no entorno da capital. O estudo se baseia nos dados de desmatamento do PRODES 2009, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
De acordo com um dos coordenadores da pesquisa, o engenheiro florestal Marcelo Moreira,o Parque Estadual Sumaúma, localizado no bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus, é a única unidade de conservação entre as sete mais desmatadas que não se engloba na categoria de uso sustentável.
E é, também, a unidade com a maior área desmatada, considerando as devidas proporções: pelo menos 60% de seu território, de 51 hectares, já teve a mata primária derrubada, estima Moreira.
"Quanto mais perto dos centros urbanos, maior o desmatamento. O parque Sumaúma é uma vítima dessa urbanização, pois o fato de estar no meio da cidade influenciou diretamente para o desmatamento de mais da metade da sua área. Além da falta de fiscalização, ainda sofre com a invasão dos moradores que têm propriedades no seu entorno", analisou.
Gestão
A única unidade de conservação municipal da RMM - a RDS do Tupé - aparece como a segunda mais desmatada, com a perda de 24,8% de sua mata primária até o ano de 2009. Lá, 2,9 mil dos 11,9 mil hectares já foram devastados, aponta a pesquisa.
A ausência de planos de gestão e planos de manejo é apontada por Moreira como o principal obstáculo para conter o avanço do desmatamento na RDS do Tupé. "Sem falar na fiscalização ineficiente, que permite a ocupação desordenada por comerciantes e moradores e na grande movimentação turística aos finais de semana, que também exerce impacto."
APA
Em seguida, aparecem três APAs na lista das unidades mais desmatadas: a APA da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Tarumã-Açu/Tarumã-Mirim, com 17,8% da área desmatada, a APA da Margem Direita do Rio Negro Setor Paduari/Solimões (14,1%) e a APA da Caverna do Maroaga, em Presidente Figueiredo (7,9%).
Para Moreira, a proximidade da APA Tarumã Açu/Mirim da BR-174, o grande número de ramais e um assentamento rural do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) colaboram para os índices elevados de desmatamento, que já atingiram 9,9 mil hectares.
Já na APA Paduari/Solimões, que já teve mais de 64 mil hectares desmatados, é a proximidade com a rodovia AM-070 que agrava o problema, segundo o pesquisador. De acordo com ele, ao longo de todas as rodovias o desmatamento cresce. "Na AM-070, a situação mais preocupante fica no entorno dos municípios de Iranduba e Manacapuru, por conta da expansão urbana e do pólo ceramista. E, com a inauguração da ponte sobre o Rio Negro, esse desmatamento pode chegar à AM-352", alertou.
A APA Caverna do Maroaga, a única com plano de gestão, também é cortada pela BR-174 e apresenta percentual preocupante de desmatamento, afirma Moreira. Até 2009, mais de 29 mil hectares já tinham sido desmatados por conta de atividades de turismo e mineração e por assentamentos rurais dentro da unidade.
A APA que apresenta o menor índice de desmatamento é a da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Aturiá/Apuazinho, que até 2009 tinha perdido cerca de 12 mil hectares de floresta, equivalente a 2,2% do território total. Ela aparece logo após a RDS do rio Negro na lista das mais desmatadas. A RDS do rio Negro teve 5,6 % da área desmatada.
Ranking
O Parque Estadual do rio Negro - setores Sul e Norte - os parques nacionais de Anavilhanas e do Jaú, a RDS do Amanã e a Reserva Extrativista (Resex) do rio Unini aparecem na lista como as seis unidades de conservação menos devastadas da RMM, com a área desmatada entre 1,3% e 0,1% dos territórios totais.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Manaus-Amazonas-Meio_ambiente-RMM-pesquisa-Desmatamentos-atingiram-hectares-conservacao-RMM_0_597540592.html
Amazônia:Desmatamento
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